O são-mateuense Luís Ferraz, que reside há 18 anos em Santa Maria, Rio Grande do Sul, relatou em entrevista para a RDX como está sendo essa semana após a pior catástrofe climática do Estado. Segundo ele, todo o território gaúcho está um verdadeiro caos.
“Felizmente, para mim e para minha esposa estamos em um bairro que não foi atingido. Temos o privilégio de morar no Camobi, que é um bairro plano, ligeiramente longe da Serra e tem um desnível razoável para a área do vale. Então aqui risco de alagamento não há e também estamos longe dos deslizamentos de terra que ocorreram e infelizmente mataram duas pessoas na cidade”, relatou.
Apesar da casa não estar diretamente afetada, Luís afirma que estão sem acessos nas rodovias pois caíram pontes e barreiras nas encostas da Serra.
“O problema maior está concentrado no interior, nas comunidades que ficam nos sítios, nas fazendas, que têm produção de hortifrúti pra cidade. São agricultores familiares de propriedades pequenas, que já naturalmente não tem muito recurso e que comumente já não tem boas estradas, e agora ficaram completamente isolados. São essas pessoas que não conseguem sair, seja pra acudir o parente, o vizinho, ou pra obter recursos pra si mesmo, né?”, pontuou.
Rádio tem sido fundamental para a comunicação no RS
A comunicação também é um problema enfrentado no Rio Grande do Sul, justamente pela falta de sinal e também energia. As rádios têm sido fundamentais para comunicação entre autoridades e a população ilhada.
“As rádios locais estão conseguindo fazer essa conexão da pessoa que está desabrigada. Quando o morador consegue um sinalzinho de celular, imediatamente faz contato com a rádio e deixa os dados. A equipe da rádio consegue se comunicar com a brigada, bombeiros e voluntários e avisam essas pessoas para os atendimentos quando possível”, relata.
Luís também viveu a enchente de 1983 em São Mateus do Sul
Quando residia em São Mateus do Sul, Luís Ferraz viveu de perto a enchente de 1983 pois a família residia na Rua Ney Amintas de Barro Braga, na Vila Amaral, e ficaram com a casa inundada.
“Toda essa situação no Rio Grande do Sul me trouxe a lembrança da situação que a gente viveu em São Mateus em 1983, quando eu tinha 14 anos e vivia na Vila Amaral. A diferença é que foi de uma forma lenta, a gente teve tempo para sair, a água foi subindo lentamente. Então, o que eu lembro, na época, não tivemos nenhuma perda de vida na cidade, foram só bens materiais que a gente perdeu. Mas essa situação de ficar desalojado, perder as coisas de casa, eu vivi em 1983. Então, agora fico muito solidarizado com as pessoas que estão nessa situação, porque a gente sabe como é você depender da ajuda dos outros, e essa ajuda é muito bem-vinda”, afirma.
Sobre as fortes chuvas
De acordo com o g1, além da chuva intensa, que deixa o solo encharcado e traz riscos de deslizamentos, o Rio Grande do Sul ainda pode passar por uma microexplosão atmosférica, que ocorre em cenários de tempestades. A forte corrente de ar que se forma pode ocasionar ventos que passam dos 100 km/h.
A previsão mostra que as chuvas intensas devem permanecer até sábado com acumulados que podem chegar até 400 milímetros e que pode se somar aos 300 mm de chuva registrados nos últimos quatro dias.