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De volta aos trilhos, locomotiva 310 faz passeios teste no Vale do Iguaçu

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Locomotiva 310 durante restauro. Foto: Élio Weber

Em meados de outubro, um som muito esperado voltou a ser ouvido no Vale do Iguaçu: o da locomotiva 310, a Maria Fumaça, de volta aos trilhos. Fato aconteceu no dia 22, durante testes do projeto Trem das Etnias, que visa proporcionar à população e turistas a oportunidade de viajar, ainda que por algumas horas, no emblemático veículo.

Em processo de restauro desde 2018, o trabalho para realizar o sonho de dar nova chance à 310 não foi simples. Segundo Elio Weber, um dos organizadores do projeto, foi necessário um ano de trabalho apenas para que fossem liberados para fazer a manutenção dos trilhos. Posteriormente, veio o trabalho para autorização de trabalhos na locomotiva.

Na época, a 310 foi levada a Rio Negro, onde seria restaurada pela Associação Brasileira de Preservação Ferroviária (BPF). Contudo, com a pandemia, a instituição ficou impossibilitada de dar continuidade ao projeto. Com isso, a locomotiva retornou ao Vale do Iguaçu. As obras de reparo foram finalizadas em 2023. De lá para cá, o Trem das Etnias têm trabalhado em questões burocráticas para viabilizar a volta de passageiros.

“Em termos de revisões, de tudo que foi feito, já tivemos, se não me engano, 17 ou 18 expedições da Rumo (empresa de logística ferroviária) fazendo o acompanhamento”, explica Elio. Durante o processo de liberação, são verificados vários fatores, entres eles os trilhos, freios, rodas, eixos, válvulas de segurança, aquecimento da água, manômetros, velocímetro, tacógrafo, entre outros. “Agora estamos dependendo da assinatura e da outorga da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) para que a gente possa circular”.

Os passeios-teste que começaram em outubro são destinados apenas para aqueles que participaram dos treinamentos da Rumo. “Nem fotógrafo, nem radialista, nem repórter não podem circular, por enquanto. Nem passageiros. Enquanto nós estivermos fazendo os testes, nós não podemos levar ninguém que não tenha feito o treinamento com a gente. Temos que tomar muito cuidado porque nós não temos a liberação. Nós temos o COE, que é o Contrato Operacional Específico, mas não temos a outorga, que é a autorização de circular com passageiros. Então essa é a diferença, nós podemos fazer os testes mas não podemos circular com passageiros”, explica Elio.

Por enquanto, a Maria Fumaça irá operar com dois vagões. Mas a ideia, ou sonho, é de que, no futuro, conte com cinco. Os quatro primeiros representarão, cada um, as etnias alemã, italiana, polonesa e ucraniana, maiores imigrantes da região. O quinto seria para um restaurante. “Vai depender de como a coisa vai funcionar e como vai andar. São previsões futuras. Mas, a princípio, hoje nós temos dois vagões. Não estão ainda caracterizados, mas futuramente serão caracterizados”, relata Elio.

Pessoas com deficiência também poderão participar dos passeios, pois em todos os vagões há espaço para cadeirante, além de plataforma com rampa de acesso para o embarque. O trajeto, inicialmente, será realizado entre a Estação União com parada na Estação Engenheiro Melo e retorno ao centro, em um passeio de cerca de 90 minutos entre ida e volta.

Os testes também servirão para determinar a quantidade de passeios que serão realizados semanalmente. Elio comenta que, mesmo com a liberação de datas, o que vai determinar se um passeio ocorrerá é a compra de ingressos, por questão de segurança. “Antes de as pessoas embarcarem no vagão, tem que vir a liberação. Todas as pessoas têm que ter pago a passagem e a gente tem que recolher o seguro de cada passageiro. Então, sem ter recolhido o seguro, não sai a liberação para circular”.

Elio relata a emoção que sentiu durante o passeio teste. Segundo ele, pode ver pessoas acenando, filmando e até mesmo chorando. “Agradecendo a Deus por ter a oportunidade de ver a locomotiva realmente rodando de novo”, comenta. Para ele, que esteve – e continua – tão envolvido no processo de restauro, a sensação se transforma quase em um alívio, após tantos percalços. “Quando ela rodar quase vai ser mais um desabafo do que uma comoção pela conquista recebida. Mas, claro, só o fato de você ver os passageiros embarcando, já muda tudo, porque aí as pessoas realizam um sonho. O nosso sonho, ele deixa de ser nosso, e ele passa a ser o sonho dos passageiros. Isso realmente não tem preço, não tem valor essa emoção, essa vivência pelo que as pessoas vivem aqui em Porto União da Vitória e pelo que isso representa, esse saudosismo. É muito grande esse saudosismo, então isso não tem preço”.

Reportagem: VVale

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