Um grande avanço da ciência aqui no país! Pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) trabalham em um tratamento que pode ser a cura do HIV, vírus causador da Aids.
A pesquisa inédita, em escala global, começou em 2013 e é coordenada pelo infectologista Ricardo Sobhie Diaz, uma das referências mundiais no assunto.
Diaz e sua equipe testaram 30 voluntários que possuem carga viral indetectável (carga baixa ou não transmitem a doença), divididos em seis subgrupos. Cada um deles recebeu diferentes combinações de remédios, além do tratamento padrão, ou “coquetel”, uma combinação de três antirretrovirais.
Os medicamentos antirretrovirais impedem a multiplicação do vírus no organismo e ajudam a evitar o enfraquecimento do sistema imunológico
Supertratamento atua em duas frentes
Uma delas utilizando medicamentos e substâncias que matam o vírus no momento da replicação e eliminam as células em que o HIV fica adormecido (latência).
A outra envolve o desenvolvimento de uma vacina que possibilitaria ao sistema imunológico eliminar células infectadas onde os remédios não conseguem chegar.
Descoberta de novas substâncias para a redução da carga viral
Os integrantes do subgrupo que recebeu mais dois antirretrovirais, o dolutegravir, e o maraviroc, substância que força o vírus a aparecer, quando escondido, tiveram os melhores resultados.
Outras duas substâncias potencializaram o efeito dos medicamentos: a nicotinamida, uma das duas formas da vitamina B3, impossibilitando que o HIV se escondesse nas células; e a auranofina, um antirreumático, capaz de encontrar a célula infectada e forçar sua autodestruição.
Vacina para ajudar na imunidade do paciente
Os pesquisadores celebraram o efeito da nicotinamida e da auranofina, mas ainda seria preciso encontrar algo que garantisse a imunidade dos pacientes contra o vírus.
Sabendo disso, eles desenvolveram uma vacina que “ensina” o organismo do paciente a encontrar células infectadas e destruir uma a uma.
Isso é possível porque cada vacina é fabricada a partir das células de defesa (monócitos) e peptídeos (biomoléculas formadas pela ligação de dois ou mais aminoácidos) do vírus do próprio paciente.
Os seis pacientes que receberam o tratamento aguardam os resultados finais da terceira dose da vacina.
“Somente após as análises de sangue e das biópsias do intestino reto desses pacientes vacinados é que partiremos para o desafio final: suspender todos os medicamentos de um deles e acompanhar como seu organismo irá reagir ao longo dos meses ou, até mesmo, dos anos”, explica Diaz.
Prevenção ainda é a melhor forma de proteção
É aquilo, “prevenir é melhor do que remediar”. Diaz lembra que uso de preservativos durante as relações sexuais previne contra o HIV, além de outras doenças para quem não tem o vírus, mas principalmente para quem já tem o vírus.
“Atualmente, o Centro de Controle de Doenças (CDC) dos Estados Unidos afirma que pessoas com carga viral indetectável não transmitem HIV. A falta de proteção pode, porém, acarretar ao indivíduo com o vírus controlado a reinfecção por um tipo diferente de vírus HIV ou por outro mais resistente”, alerta.