“Ele sempre nos disse que a missão dele era salvar vidas”, diz a família do bombeiro militar Sandro Carlos Borde, de 36 anos, que faleceu enquanto atendia um acidente na madrugada do dia 11 de setembro de 2011. Para eles, o principal legado deixado por Borde foi a valorização da vida e o respeito aos pais e às raízes.
Borde atuava há 15 anos como bombeiro militar. Ele chegou a cursar a academia para ser policial, porém a missão como bombeiro sempre falou mais alto. Ele trabalhava em São Mateus do Sul, mas era natural da cidade de Irati, onde foi velado e sepultado.
Relembre o caso
Na madrugada do dia 11, a equipe foi acionada para o atendimento a um acidente na região da Colônia Taquaral, envolvendo dois veículos, sendo um Celta com placas de Pinhais, com um ocupante, e um Fiat Uno, de São Mateus do Sul, com quatro ocupantes. Em seguida, um caminhão Scania Volvo foi desviar do primeiro acidente e acabou capotando.
Nesta ocorrência duas equipes dos bombeiros se deslocaram até o local e no momento em que prestavam o socorro as vítimas, um outro caminhão acabou atingindo os militares e ferindo quatro profissionais. Borde foi o bombeiro mais atingido e os colegas, mesmo feridos, realizaram a imobilização do militar e o encaminharam ao Pronto Atendimento Municipal, porém ele não resistiu. Ainda de acordo com informações de testemunhas, Borde foi responsável por salvar a vida de uma moradora que passava pelo local e também estava ajudando no momento do acidente.
Amor pela profissão
O comandante da corporação dos bombeiros de São Mateus do Sul, 1º Tenente Murilo Maltaca, diz que o colega ainda é lembrado por toda a equipe, principalmente pela forma íntegra em que trabalhava.
Nesta lembrança eu gostaria de deixar os meus sentimentos aos amigos e familiares de Borde e registro também meu agradecimento e minha continência a todos os bombeiros que estão diariamente dispostos a servir, e se preciso for, salvar com o sacrifício da própria vida”.
Lembranças ainda presentes
A prima-irmã de Borde, Trycia Mello, ainda guarda consigo as lembranças de infância. Uma das principais recordações dessa época para ela, eram os primos reunidos ouvindo o rádio e gravando em uma fita a música Knockin’ On Heaven’s Door, do Guns N’ Roses.
Ela guarda consigo a farda de Borde e alguns desenhos feitos com grafite, que era um dos hobbies do bombeiro. Trycia também valoriza todas essas lembranças por meio de contos, em que homenageia o primo em livros publicados. Em um desses contos, ela recorda de uma menção feita por Borde, ainda em vida:
Para o Bombeiro, quem determina o impossível é Deus. Em nome de Deus e defesa do próximo, onde começa o seu medo se inicia o meu trabalho. É mais que uma profissão, é uma missão. Podemos não voltar, mas vamos…”.
Ele deixou dois filhos e hoje, seria avô.
Ouça a reportagem: