A Polícia Civil está tratando como “mortes acidentais” os falecimentos dos irmãos que tomaram veneno de uso agropecuário achando que era suco de uva em Sengés, nos Campos Gerais do Paraná. A informação é da delegada Renata Batista, responsável pelo caso.
Ela afirma que aguarda resultados de laudos de perícias feitas na casa e nos corpos das vítimas para continuar a investigação e confirmar a hipótese e também o ativo principal do veneno.
O caso aconteceu, na quinta-feira (9). Segundo a delegada, familiares relataram que as vítimas eram diagnosticadas com esquizofrenia e moravam sozinhas em uma casa próxima de onde vive outro irmão, de 65 anos, que era tutor deles. Ambas as residências ficam no mesmo sítio, na zona rural da cidade.
Ela também afirma que familiares disseram que os irmãos provavelmente acharam que o veneno era suco de uva por três motivos: eles tinham pedido para o irmão mais velho comprar a bebida; a cor do veneno, que era líquido, parecia com a do suco; e o recipiente em que o veneno estava era uma garrafa plástica transparente e não rotulada, semelhante a uma garrafa de água de 500 ml.
A ingestão aconteceu na quarta-feira (8). De acordo com o boletim da ocorrência, ambos foram socorridos com vida, mas faleceram horas depois no pronto atendimento municipal.
A delegada lembra que, por lei, herbicidas devem ser vendidos rotulados, com identificação e orientações sobre cuidados no manuseio, e afirma que a equipe de investigação está apurando as possíveis responsabilidades criminais relativas ao caso.
“A Polícia Civil fez os devidos acionamentos, aguarda o retorno de laudos periciais e continua com as investigações para apurar as devidas circunstâncias desse fato, e também as responsabilidades criminais”, aponta Renata Batista.
O irmão que cuidava das vítimas relatou à polícia que na quarta-feira (8) os dois pediram que ele comprasse suco de uva.
Ele contou que comprou no mercado e, no caminho, aproveitou para ir a uma agropecuária comprar botas e luvas. No mesmo estabelecimento, comprou um herbicida que estava precisando para utilizar na lavoura.
O veneno, segundo a investigação, foi vendido a granel, em um frasco sem etiqueta.
“O herbicida foi adquirido na forma líquida, e tinha uma cor escura, parecida com suco de uva, e foi vendido a granel, ou seja, o vendedor retirou de um frasco maior e acondicionou em um frasco transparente, parecido com garrafa de suco. Nesse frasco de meio litro de herbicida não tinha nenhuma etiqueta com alerta de perigo sobre o consumo, forma de uso, ou composição”, relata a delegada.
O irmão das vítimas também disse à polícia que, ao chegar na casa dos irmãos, deixou a sacola com o suco e também a com as botas e as luvas – mas nela também estava o herbicida, que ele esqueceu de levar para a própria casa.
Cerca de 20 minutos depois ele percebeu que deixou a bebida na casa dos irmãos e voltou ao local para buscar o veneno, mas eles já tinham tomado o líquido, conforme a investigação.
Reportagem: G1