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Suposta golpista teria emprestado mais de R$ 60 mil usando documentos de vítimas em Canoinhas

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Ela alegava que precisava custear suposto tratamento de doença da filha. Foto: José Cruz/Agência Brasil.

Uma mulher foi denunciada por estelionato em Canoinhas depois de ter, supostamente, pedido doações em dinheiro alegando que os valores seriam utilizados para custear o tratamento de uma doença crônica e grave que acometia sua filha. Ela ainda teria feito empréstimos bancários em nome de algumas pessoas, que alegam terem sido vítimas de um golpe.

Uma das pessoas que alegam terem sido vítimas da suposta golpista procurou a reportagem do JMais e detalhou sua versão sobre o ocorrido. Segundo ela, a mulher denunciada é de sua própria família, e a teria procurado após um longo período sem contato, dizendo que a ajudaria na parte administrativa de seu negócio, que envolve produção de alimentos. “Ela dizia que ia me ajudar e que não iria me cobrar nada, então ela tinha total acesso ao meu celular, às minhas senhas e às minhas finanças”, comentou.

A vítima é canoinhense, mas morou fora da cidade por alguns anos. Assim que voltou a Canoinhas e iniciou o seu próprio empreendimento, a suposta golpista teria a procurado via redes sociais. “Apesar de sermos parentes, nunca fomos próximas e nunca tivemos muito contato, mas ela se aproximou recentemente e, além de dizer que me ajudaria nessas questões que envolvem as finanças do meu negócio, veio com a história de que a filha dela estava muito doente”, afirmou.

Fibrose cística teria sido o diagnóstico alegado pela suposta golpista em relação ao quadro de saúde de sua filha adolescente. A vítima disse à reportagem do JMais que, assim que a mulher informou pela primeira vez sobre a suposta doença da filha, teria comentado também que os custos para a família eram altos, devido a diversas viagens a Blumenau e Florianópolis para o suposto tratamento relacionado à condição da filha. “Ela disse que o plano de saúde não cobria os custos dos exames e do tratamento e, por este motivo, precisava de dinheiro”.

A tática utilizada pela suposta golpista passa a se desenhar a partir deste momento. A mulher teria pedido para que a vítima fizesse um empréstimo bancário e repassasse o dinheiro a ela, com a promessa de que pagaria pelas parcelas do montante emprestado. “Ela disse que precisava de um empréstimo de R$ 4 mil, porque a injeção para o tratamento da filha custava R$ 13 mil, mas já tinha uma parte deste valor guardado e usaria”, informou a vítima.



ALERTA

De acordo com informações repassadas pela vítima que procurou a reportagem do JMais, o alerta sobre a possibilidade de estar sendo ludibriada veio da equipe do banco no qual ela solicitou o empréstimo. Segundo uma funcionária do banco, já havia alguns pedidos de empréstimo com condições e justificativas semelhantes. Os valores solicitados, em geral, eram os mesmos. Em mais de um caso, a pessoa que era avalista em uma solicitação, era também a solicitante em outra, e vice-versa. Todas essas pessoas eram conhecidas da suposta golpista, e estariam solicitando empréstimos a pedido dela.

A vítima passou então a solicitar à mulher, laudos de exames que comprovassem a suposta doença da filha, além de qualquer outro material que evidenciasse o tal tratamento médico ao qual ele se referia e que teria motivado o pedido de empréstimo inicial.

“Nós começamos a desconfiar a partir do momento que ela passou a se negar a nos mostrar provas da suposta doença”, comentou a vítima, que a essa altura já havia conhecido outras pessoas que supostamente também tinham recebido pedidos da mulher para que fizessem empréstimos com o objetivo de custear o tratamento de fibrose cística para sua filha.

A primeira vítima comentou, inclusive, que comerciantes de Canoinhas chegaram a organizar campanhas de arrecadação online para custear o suposto tratamento da filha da mulher denunciada. A reportagem do JMais, no entanto, não conseguiu contato com essas pessoas.

Em pouco tempo, após as constantes negativas em trazer provas sobre a doença e o tratamento da filha, as vítimas acreditam que a mulher estava mentindo.


DÍVIDAS E CONFRONTO

Sem que a primeira vítima soubesse, a mulher teria pedido um empréstimo de R$ 9 mil em seu nome. “Ela conseguiu fotos dos meus documentos, falsificou minha assinatura e conseguiu receber o valor solicitado”, comentou. A vítima informou ainda que no nome de outra pessoa, a suposta golpista conseguiu um empréstimo no valor de R$ 55 mil e chegou a fazer um cartão de crédito em nome dela. A reportagem do JMais entrou em contato com essa segunda vítima, mas o pedido de entrevista não foi atendido até o fechamento desta publicação.

Várias vítimas da suposta golpista criaram um grupo no WhatsApp onde se comunicam e decidem qual ação tomar em relação ao ocorrido. O JMais teve acesso a uma mensagem de áudio enviada ao grupo, de outra pessoa que se diz vítima da mulher. “Agora ela vai ter de devolver o dinheiro da minha mãe, os meus R$ 1.900, e vai resolver a questão do financiamento do carro, pois meu carro está alienado”. A acusada teria usado o carro de outra pessoa como garantia de um empréstimo.

O grupo de vítimas teria confrontado a mulher, alegando que já sabia da forma como ela operava e que esperavam um posicionamento dela para que o dinheiro que ela conseguiu em nome dessas pessoas fosse devolvido. A mulher, então, teria ameaçado tirar a própria vida.

A mulher chegou a publicar em redes sociais uma frase direcionada à própria filha, logo depois de dizer à primeira vítima, por mensagens, que “iria buscar a solução mais fácil”. Na publicação, constava “sinto muito, filha, por tudo que fiz, te amarei eternamente”.

O grupo de vítimas teria então se dirigido até onde a mulher estava. Ela ameaçava se atirar de uma ponte, mas foi impedida pelo grupo, que acionou equipes de socorro e a acompanhou até a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Canoinhas, para avaliação médica.

Foi neste dia em que a mulher, pela primeira vez, deu uma explicação do porquê estaria pedindo empréstimos no nome de outras pessoas, além de também pedir dinheiro alegando que os valores seriam para custear o tratamento da filha. Ela teria dito que precisava pagar uma dívida que tinha com um agiota. A suposta golpista não teria explicado, no entanto, que dívida seria essa. O grupo suspeitou de que seria apenas mais uma explicação falsa da mulher. Dias depois, o grupo soube que ela teria pedido emprestado o valor de R$ 1.800 a um outro comerciante de Canoinhas, conhecido da suposta golpista.

Diante das tentativas falhas em tentar resolver a situação apenas conversando com a mulher, a primeira vítima registrou um boletim de ocorrência sobre o caso. No documento do registro, consta ainda a declaração de que a mulher teria movimentado contas bancárias da vítima, realizando transferências via PIX para a sua própria conta, além de utilizá-las para compras online.

JMais teve acesso ao boletim de ocorrência registrado por outra vítima. Nele, consta o relato de que a suspeita teria entrado em contato com esta segunda vítima, pedindo para que fosse avalista em um empréstimo que ela solicitaria. Comovida pela suposta condição de saúde abalada da filha da mulher, a vítima aceitou.

A mulher teria entrado em contato com a segunda vítima por quatro vezes, solicitando novamente informações relacionadas a seus documentos pessoais, alegando que os pedidos de empréstimo anteriores não teriam sido concluídos.

Esta segunda vítima só se deu conta de que teria sido ludibriada quanto recebeu notificações do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), informando sobre restrições no nome dela. Dois dos pedidos de empréstimo anteriores teriam sido concluídos e a suposta golpista teria recebido o dinheiro, mas jamais pagou as parcelas relacionadas a eles.

A reportagem do JMais tentou contato com a mulher denunciada, mas ela não foi localizada. O marido da mulher também foi procurado pela reportagem do JMais, para que pudesse repassar algum contato de sua esposa e comentar a situação, uma vez que foi citado pelas vítimas, mas ele também não respondeu às mensagens e não atendeu às ligações. A Polícia Civil investiga o caso.

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