Um documentário sobre benzedeiras e benzedores está sendo produzido em São João do Triunfo desde o mês de janeiro desse ano. Halanna Halila, de 24 anos, é moradora do município e também atua como fotógrafa há mais de 7 anos. Formada em Turismo, a jovem encontrou no apoio da Lei Paulo Gustavo a oportunidade de realizar o sonho da produção de um documentário e também deixar registrado historicamente uma prática que marcou a sua infância e também a vida de muitas pessoas.
“A ideia principal do documentário é dar voz há diferentes tipos de benzedeiras benzedores. O foco do documentário é falar sobre a importância desse saber popular e da relevância social que as benzedeiras e benzedores têm nas cidades do interior, considerando que é uma prática milenar e tem diferentes formas de serem feitas, tudo depende da fé e individualidade de cada um. Mas a maioria dessas pessoas sofrem preconceitos, têm seus medos e receios. Por isso que o documentário se tornou uma forma de falar sobre a vida dessas pessoas e desses seus medos e receios”, explica Halanna.
De acordo com pesquisa feita pela documentarista, aconteceu em São João do Triunfo o mapeamento social da prática, que iniciou em 2009. Houve também o reconhecimento da atividade através de um prêmio do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Segundo Halanna, além do documentário, está sendo produzido um livro sobre as práticas pois ainda existe o receio de algumas pessoas em falar sobre o tema em frente as câmeras. “O que importa é termos registros dessa prática que é um patrimônio imaterial, e com o mundo acelerado como está hoje, está ficando para trás. Os livros serão destinados às escolas da cidade, e o documentário ficará pronto em junho, e será passado nas escolas e disponibilizado no Youtube e no site oficial”, diz.
A documentarista explica que a intenção do documentário não é divulgar localização, nem promover uma benzedeira ou outra.
“A intenção é falar sobre a vida dessas mulheres e homens dentro da sociedade atual, como eles aprenderam, como que se sentem em relação ao mundo atual. O medo e a repressão que passaram durante a vida. E entendo o medo dessas pessoas, mas para que não haja preconceitos e medos em relação às práticas de benzimento é muito importante falar sobre o assunto, e principalmente, registrar a história individual de todos e eternizar esses ensinamentos”, finaliza.