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sábado, novembro 23, 2024
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Saúde suspeita que jovem possa ter morrido por leptospirose em Canoinhas

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Exame irá confirmar causa da morte. Na imagem, rato do banhado encontrado em meio a água da enchente em Três Barras. Foto: Roberto Fernandes/Reprodução/JMais.


Um rapaz de 28 anos morreu na manhã desta quinta-feira (19), no Hospital Santa Cruz de Canoinhas, e a suspeita é de que ele possa ter ido a óbito por causa de uma infecção causada por leptospirose.

Segundo a secretária de Saúde de Canoinhas, Franciele Costa Colla, um exame laboratorial será feito para confirmar a causa da morte. “Foi coletada amostra bem pouco antes de ele vir a óbito e essa amostra está a caminho do Lacen, que é o laboratório do Estado, em Joinville, e aguarda-se o resultado do exame para confirmar a causa”, explica.

Ainda de acordo com a secretária, além da suspeita de leptospirose, pode se tratar de um caso de hantavirose. “Há grande chance de ser um caso de hantavirose, mas nenhuma hipótese pode ser descartada”, destaca. Sobre o prazo para o resultado do exame, a secretária diz que como envolve um caso de óbito o exame deve ser priorizado, mas não é possível prever um prazo.


HANTAVIROSE E LEPTOSPIROSE

Embora de nomes diferentes, as duas doenças – hantavirose e leptospirose – têm muitas semelhanças. A principal é que ambas são transmitidas por roedores.

A infecção humana por hantavirose ocorre mais frequentemente pela inalação de aerossóis, formados a partir da urina, fezes e saliva de roedores infectados, mesmo modo de contaminação da leptospirose. Contudo, apenas o rato silvestre é portador do hantavírus. O rato da cidade, mais conhecido como camundongo e rato de esgoto, não transmite a doença.

A leptospirose é bacteriana e bastante conhecida e descrita. Já a hantavirose é causada por vírus e pouco conhecida.

ALERTA

Os alagamentos e as enchentes que atingem a região demandam cuidados por parte da população que tem contato com as áreas afetadas. Isso porque após o registro de inundações, aumentam os casos de leptospirose. De acordo com a Diretoria de Vigilância Epidemiológica de Santa Catarina (Dive/SC), a distribuição de casos da doença no Estado é sazonal, seguindo o regime mensal de chuvas, acompanhando as precipitações de dezembro a março, decrescendo durante o inverno.

Segundo o ex-diretor da Dive/SC, João Augusto Brancher Fuck, o risco de contrair a doença é maior em épocas de enchentes e alagamentos. “Moradores das cidades que registraram alagamentos que tiverem febre, dor de cabeça e dores no corpo até 40 dias após a ocorrência devem procurar uma unidade de saúde. É fundamental que a pessoa informe ao médico se teve contato com a água ou com a lama”, destaca. Por esse motivo, é de extrema importância que a população reforce e mantenha as medidas de prevenção, como usar botas e luvas quando trabalhar em áreas com água possivelmente contaminada, como é o caso de alagamentos.

Em 2021, 153 casos de leptospirose foram confirmados em Santa Catarina, com registro de 10 óbitos. A doença afetou principalmente pessoas do sexo masculino, na faixa etária dos 30 aos 60 anos de idade. No ano passado, foram notificados 131 casos da doença, com o registro de 11 óbitos. Neste ano já são oito mortes. A região Sul é a que tem maior incidência da doença no País.

Na terça-feira, 17, a Dive emitiu um alerta para casos de leptospirose no Estado. A orientação é evitar o máximo possível o contato com água contaminada, beber água potável sempre e ficar atento aos sinais e sintomas da doença. “A leptospirose é uma doença grave, causada por uma bactéria presente na urina contaminada de animais, principalmente ratos. A bactéria penetra no corpo através de machucados e, até mesmo, da pele sadia quando a pessoa fica muito tempo dentro da água. Por isso, o risco é maior em épocas de enchentes e alagamentos”, explica Ligia Castellon Figueiredo Gryninger, médica infectologista da Dive/SC.

Por isso, é importante que as pessoas que foram afetadas pelas chuvas intensas das últimas semanas, evitem o contato com a água de enchentes, utilizando luvas, botas, roupas impermeáveis ou mesmo sacos plásticos quando os equipamentos de proteção não estiverem disponíveis.

Os sintomas iniciais podem ser semelhantes aos da gripe, começando de forma abrupta, com febre alta, dor de cabeça, mal-estar e muitas dores no corpo. Um sintoma bastante característico é uma forte dor nas panturrilhas (batata da perna). “A leptospirose pode evoluir para quadros graves, com aparecimento de icterícia, que é quando a pele fica com um tom amarelo-avermelhado. Os sangramentos podem aparecer na fase mais avançada, com dificuldade respiratória e pode levar a óbito”, alerta a médica.

A população também precisa ficar atenta ao período de incubação da doença, ou seja, o intervalo de tempo entre a transmissão da infecção até o início das manifestações dos sinais e sintomas. Esse período pode variar entre um e 30 dias após a exposição a situações de risco. Na presença dos sintomas, a unidade de saúde deve procurada imediatamente, lembrando sobre a necessidade de relatar ao profissional o contato com a água ou lama proveniente das enchentes.

Leptospirose em SC

Ano de NotificaçãoCasos confirmadosÓbitos
20201484
202115311
202219413
 2023*1938

Medidas de prevenção
– Evite contato com água ou lama de enchentes e não deixe que crianças brinquem no local;
– Use botas e luvas quando trabalhar em áreas com água possivelmente contaminada, como é o caso de alagamentos. Se isso não for possível, use sacos plásticos duplos amarrados nas mãos e nos pés;
– Quando as águas baixarem é necessário retirar a lama e desinfetar as casas, sempre se protegendo com luvas e botas. O chão, paredes e objetos devem ser lavados e desinfetados com água sanitária (Hipoclorito de Sódio 2,5%), na proporção de dois copos (200 ml cada) do produto para um balde de 20 litros de água, deixando agir por 15 minutos;
– Jogue fora alimentos e medicamentos que tiveram contato com a água dos alagamentos;
– Lembre-se que serpentes, aranhas e escorpiões podem estar em qualquer lugar da casa, principalmente em locais escuros. Nunca coloque as mãos em buracos ou frestas;
– Use ferramentas como enxadas, cabos de vassoura e pedaços compridos de madeira para mexer nos móveis. Bata os colchões antes de usar e sacuda cuidadosamente roupas, sapatos, toalhas e lençóis;
– Em caso de encontrar animais peçonhentos dentro da residência, afaste-se lentamente, sem assustá-los. E nunca pegue com as mãos animais peçonhentos, mesmo que pareçam estar mortos.

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