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Morre o locutor Roberto Edy, da Rádio Clube de Canoinhas, aos 74 anos

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Robertinho, como era conhecido, era dono de uma das vozes mais conhecidas no Planalto Norte catarinense, onde durante muitos anos apresentou os programas Hora do Chimarrão e Brasil Rural, na Clube FM. Foto: Reprodução/Facebook.

Morreu na tarde desta terça-feira (26), um dos mais memoráveis locutores de rádio da história de Canoinhas. Há décadas trabalhando na Rádio Clube de Canoinhas, quando ainda era no AM 890 kHz, até migrar para o FM 94.9, Roberto Edy Rujanowski, carinhosamente conhecido como Robertinho, tinha 74 anos e trabalhava em rádio há mais de 60 anos. Ele lutava contra problemas de saúde há anos.

Segundo a Funerária São José, o velório será realizado na capela mortuária São José, a partir das 6h desta quarta-feira (27). O seu sepultamento está marcado para as 16h de quarta, seguindo para o Cemitério Municipal Jardim das Hortênsias. Ele deixa a esposa, três filhos, um neto e demais familiares e amigos.

 TRAJETÓRIA

Em 2005, Edy concedeu uma entrevista para falar sobre sua trajetória ao jornal Correio do Norte. Leia abaixo o texto na íntegra:

Se considerarmos que desde criança, Roberto sonhava com os microfones do rádio, a afirmação é mais do que sincera. “Fiz de tudo um pouco no rádio”.

Quando deixou sua terra natal, Caçador, com  apenas um ano de idade, os seus pais, Apolinário e Jandira, o levaram para Curitibanos. “A empresa em que meu pai trabalhava o havia transferido para lá”, explica Roberto.

Em frente ao microfone da antiga Rádio Canoinhas / Arquivo pessoal

Religioso até a medula, Apolinário queria que o filho fosse educado em um colégio administrado por religiosos. Como em Curitibanos não havia nada parecido, Apolinário mandou a mulher e o filho para Canoinhas. Foi então que aos oito anos, Roberto ingressou no Colégio Sagrado Coração de Jesus, administrado por freiras. A ideia do pai de tornar o filho padre, no entanto, foi frustrada. Roberto era um dos alunos mais levados da famosa irmã Epifânia. “Quando eu aprontava, ela me batia com uma régua grossa nas mãos”, recorda entre risos. Irmã Leocádia, diretora do Colégio, cansou de receber Roberto em sua sala. “Ela gostava de mim, quando entrava em sua sala ela me falava tão docemente – o que foi dessa vez Roberto?”, conta com a certeza de que teve uma infância feliz e inesquecível.

Com apenas 13 anos de idade, Roberto precisava conciliar estudo e trabalho. E se era preciso trabalhar, porque não trabalhar no que se gosta?

Foi com essa ideia na cabeça que Roberto criou coragem e pediu a Irineu Gonzaga, então diretor da rádio Canoinhas, uma oportunidade. A chance veio, não exatamente como Roberto queria, mas já era um bom começo – operador de som. “Como eu era pequeno ainda, tinha que colocar jornais em cima de uma cadeira de palha para poder alcançar a mesa de som”. Foi daí que surgiu o apelido Robertinho.

DE OPERADOR DE SOM A LOCUTOR

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1966 foi o ano em que a oportunidade que Roberto tanto esperava surgiu. “Um dia faltou um locutor e me chamaram para apresentar o programa Gentilezas (o mais antigo programa da rádio canoinhense, ainda no ar na Rádio Clube nas tardes de domingo, hoje apresentado por Edmilson Verka). Tremi na base, mas consegui”.

Desse dia em diante, Roberto não quis mais sair da sala de locução e lá está até hoje. “Segui novos rumos no rádio, apresentei diversos programas e cada vez mais pegava gosto pelo rádio”. Nessa época, a TV era algo raro na cidade e o mais comum nas casas era flagrar as famílias ouvindo rádio. Dessa forma, os hoje galãs da TV eram substituídos pelos locutores do rádio. Para aumentar ainda mais o assédio, na região, a rádio Canoinhas predominava, raramente se conseguia sintonizar outra rádio.

Pergunto a Roberto, além dele, quem eram os grandes galãs da rádio Canoinhas e ele desfia um rosário de nomes – “Mauro Man, Paulo de Oliveira, Alfredo Franco, Rubens Nidielski, …”.

JORNALISMO

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Mais tarde Roberto começou a atuar no setor de jornalismo da rádio, um departamento espinhoso se considerarmos que se vivia o período de ditadura militar. “Mas nunca sofri perseguição nem retaliação”, garante.

Como era ao vivo e sem externas, os jornais eram baseados na rádio-escuta. “Eu ouvia os radiojornais de rádios como a Guaíba e a Gaúcha, gravava, e datilografava tudo para ler no microfone”, revela.

Nessa época, Aroldo Carvalho era dono da rádio Canoinhas, que nos primeiros anos de existência pertenceu aos irmãos Maschuck.

Aroldo, o único canoinhense que conseguiu a façanha de por duas vezes ser eleito deputado federal, gostava muito da mídia, tanto que além da rádio era dono também do jornal Correio do Norte.

Sobre ele, Roberto só tem boas recordações. “Era uma pessoa incrível, amigo, companheiro, ia sempre em favor do funcionário”.

Em 1971, a rádio Canoinhas  passou a fazer parte do grupo Santa Catarina, uma rede que congregava três rádios – em Canoinhas, Florianópolis e Tubarão, pertencentes a Aroldo.


MOMENTOS DIFÍCEIS

Nesse período, Roberto lembra de três grandes tragédias para a rádio Canoinhas. Em 1969, um incêndio destruiu toda a sede da rádio, que funcionava no Edifício Zaniolo, na rua Felipe Schmidt. “Foi uma lástima ver todo nosso acervo se perder no fogo”, lamenta.

Como foi na madrugada, o incêndio não feriu ninguém, já que as transmissões eram encerradas às 10 da noite.

Em 1983, quando a rádio já estava instalada no local onde está hoje, no Campo d’Água Verde, a grande enchente que devastou a cidade, levou boa parte do acervo de discos da rádio, além de levar boa parte dos equipamentos da emissora. Em 1987, em escala menor, a enchente também atingiu a rádio que já se chamava Clube de Canoinhas.

NOVA ERA

Depois da morte de Aroldo, em 1981, a rádio foi vendida para Álbaro Dias, morto em 2000. Depois da morte de Álbaro, a rádio Clube passou para o controle de Joselde Cubas Batista, que a administra até hoje.

Quando peço a Roberto que compare a rádio do passado com a do presente, ele não titubeia. “Em termos de tecnologia, a Clube está compatível às grandes emissoras de rádio do País. Antigamente dava para esquentar sanduíche na mesa de som, era tudo ao vivo, não tinha como gravar, era complicado fazer gravações externas”, compara.

Perguntado se falta realizar algum sonho, Roberto ri e declara seu amor pelo povo de Canoinhas. “Gosto muito do que faço, me sinto completamente realizado. Já tive oportunidade de ir embora da cidade, mas não quis. Sorte que o povo não enjoa de mim”.

Para esse povo, que tanto admira Roberto, é indispensável dizer ele está no ar toda a manhã, de segunda a sexta-feira, das 5 às 8 horas com o programa Hora do Chimarrão e das 17 às 19 horas no programa Brasil Rural, como sempre, pela Rádio Clube.

RDX lamenta o falecimento de Roberto Edy

A Rádio Difusora do Xisto – RDX FM lamenta o falecimento de Roberto Edy e deseja força aos familiares e amigos, em especial aos colegas de profissão da Clube FM e das Organizações Cubas de Comunicação, pelo trabalho exercido em prol ao rádio e à população. Seu carisma e a sua voz serão lembrados para sempre, de forma respeitosa e carinhosa, pelos bons préstimos destinados à comunicação.

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