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Hospital de Curitiba utiliza tratamento pioneiro no Sul do país para salvar pacientes com câncer

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Leonid, de 35 anos, juntava dinheiro para ir ao Estados Unidos, quando recebeu a notícia de que a terapia CAR-T havia chegado em Curitiba. Foto: Acervo HNSG

Esperança é a palavra que guia pacientes com câncer. Na luta pela vida, muitos agarram todas as chances para continuarem vivos. Foi assim com Leonid Bonfate, de 35 anos, que juntava as economias para ir aos Estados Unidos em busca da cura, quando descobriu que a terapia CAR-T Cell havia chegado ao Hospital Nossa Senhora da Graças (HNSG), em Curitiba. 

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CAR-T (sigla em inglês para Chimeric Antigen Recptor T-Cell Therapy) já havia sido utilizada em mais de 30 países, em cerca de 7 mil pacientes. Sabendo disso, os pesquisadores do Instituto Pasquini, referência no tratamento oncológico e vinculado ao HNSG, foram atrás da autorização para realizar o tratamento, de forma pioneira no Sul do país.

Segundo Samir Kanaan Nabhan, médico hematologista e responsável pelo programa de terapia celular no HNSG, a CAR-T é uma forma mais eficaz e assertiva para tratar pacientes que, até então, tinham opções limitadas na medicina.  

O especialista explicou à Banda B que o medicamento é preparado com as células de defesa do próprio organismo do paciente, os chamados linfócitos T. O material é extraído e encaminhado para um centro de fabricação nos Estados Unidos (Novartis) para ser modificado geneticamente em laboratório.

“Essa tecnologia é uma terapia celular, é uma célula modificada geneticamente. A gente coleta uma célula do sistema imunológico do próprio paciente e encaminha para uma manufatura, que envolve uma mudança genética. A partir dessa mudança genética, a célula volta com a capacidade de reconhecer o tumor”, detalhou Samir Kanaan Nabhan.   

“Essa tecnologia é uma terapia celular, é uma célula modificada geneticamente. A gente coleta uma célula do sistema imunológico do próprio paciente e encaminha para uma manufatura, que envolve uma mudança genética. A partir dessa mudança genética, a célula volta com a capacidade de reconhecer o tumor”, detalhou Samir Kanaan Nabhan.   

Foto: Divulgação.

Esperança de recomeço 

A batalha do Leonid Bonfate começou há quatro anos, quando ele descobriu um linfoma de Hodgkin. A doença, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), tem origem nas células do sistema linfático e se espalha de maneira não ordenada pelo organismo. Ela é considerada rara, com cerca de 2.640 novos diagnósticos no Brasil por ano. 

A batalha do Leonid Bonfate começou há quatro anos, quando ele descobriu um linfoma de Hodgkin (Foto: Acervo Pessoal HNSG).

Após os resultados dos exames, o caldeireiro iniciou uma corrida pela vida. Pai de três filhos e morador de Campo Verde, a 120 km de Cuiabá (MT), ele soube que o Hospital Nossa Senhora das Graças, em Curitiba, a 1.650 km de casa, seria referência em casos como o dele.  

“Fizemos a biopsia onde constatou o linfoma de Hodgkin. Ali a minha cabeça começou a pensar no que eu iria enfrentar lá na frente. Preparei meu psicológico para tudo e me apeguei em Deus. A primeira coisa que eu pensei naquele momento não foi em mim, eu sabia que a partir daquele momento eu iria sofrer, mas eu pensava muito na minha família”, lembrou.  

Já na capital paranaense, a médica que o acompanhava, após estar ciente de que um transplante de medula pouco surtiria efeito, sugeriu a ida aos Estados Unidos para realizar a CAR-T Cell.  

O tratamento era caro, cerca de R$ 2 milhões, o que fez o mato-grossense iniciar uma vaquinha, com apoio da Banda B, para viajar ao país norte-americano. 

“Quando surgiu a CAR-T, não estava liberado pela Anvisa aqui no Brasil. Nós sabíamos que o tratamento era muito caro fora do país e iniciamos a vaquinha, porque eu não tinha como chegar nesse valor”, contou.  

Antes mesmo de Leonid chegar próximo da meta financeira, os especialistas do HNSG deram a boa notícia de que haviam conseguido a homologação e que ele seria o primeiro do Sul do país a receber o procedimento.  

“Eu fiquei muito esperançoso quando tive a notícia de que o tratamento havia sido liberado. Não só para mim, mas para as pessoas que necessitam também dessa terapia”, celebrou.  

Há cerca de 40 dias, o paciente concluiu o tratamento com a CAR-T em Curitiba e pôde voltar para casa.  

“Já sinto muita melhora nas dores, na respiração. Graças a Deus e as pessoas que me ajudaram financeiramente e com orações. Agradeço a equipe médica do Hospital Nossa Senhora das Graças por todo suporte e atendimento humanizado. Estava com muita saudade dos meus filhos, dos amigos e do trabalho. É uma dádiva voltar curado”, disse emocionado.   

A terapia foi custeada por meio do plano de saúde. O valor arrecadado com a vaquinha, pouco mais de R$ 22 mil, foi utilizado para pagar as despesas do Leonid na capital paranaense. 

Pioneirismo fez hospital ser reconhecido 

A experiência do Instituto Pasquini foi fundamental para conquistar a certificação da CAR-T. Para a realização desse procedimento é necessário que os hospitais sejam especializados em Transplantes de Medula Óssea (TMO), com estrutura médica, multidisciplinar, estrutural e tecnológica adequada.  

Equipe médica que realizou a primeira terapia com células CAR-T do Sul do País em paciente adulto. Na foto: Caroline Bonamin dos Santos Sola, Ricardo Pasquini e Samir Kanaan Nabhan (Acervo HNSG).

Além disso, o médico Samir Kanaan Nabhan passou por treinamento no Memorial Sloan Kettering, em Nova York, para trazer a inovação para o HNSG.  

“Para gente é muito importante, porque nós tínhamos uma referência muito forte dentro da nossa equipe e do Hospital Nossa Senhora das Graças em relação aos pacientes serem encaminhados para o transplante de medula óssea. Porque, graças à experiência do doutor Ricardo Pasquini (pioneiro no Brasil e na América Latina em TMO) e da unidade que ele criou há tantos anos para gente trabalhar agora, conseguimos a homologação do hospital para ser um centro habilitado em terapia celular. A partir deste ponto, nós passamos a ser também uma referência nessa modalidade de tratamento, além do transplante de medula óssea”, destacou Nabhan.  

O primeiro produto disponível no Brasil é indicado para pacientes com diagnósticos de leucemia linfoblástica aguda (até 25 anos de idade) e linfoma difuso de grandes células B (adultos). A medicação é produzida pela empresa Novartis por meio de engenharia genética celular e aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA).  

“É a concretização de uma solução que a ciência vem buscando há décadas para estes pacientes que enfrentam doenças tão devastadoras, com base em pesquisas científicas e estudos clínicos e tendo cumprido todos os requisitos regulatórios para o registro no Brasil”, ressaltou Lenio Alvarenga, diretor médico de Innovative Medicines da Novartis Brasil. 

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