“Remexendo as gavetas e caixas, encontrei as agendas da minha mãe. Ela gostava muito de escrever, mas nunca deixou que alguém lesse seus escritos secretos, que agora marejam meus olhos. ‘Gostaria de ficar para semente, mas sei que é impossível. Mas que o possível seja-me dado com a graça de ter meus filhos por perto…’ Esse trecho de uma carta faz tanto sentido. Como eu queria que minha mãe ficasse para semente!”, escreve Priscila Silveira Cruz, em seu conto nomeado “Mãe e Filha”, publicado no dia 13 de maio de 2023, um dia antes do Dia das Mães.
O livro nomeado “Lembre de Mim”, homenageia pessoas que faleceram, e dentre as pessoas citadas neste livro encontram-se duas são-mateuenses: Elizete Silveira Cruz (mãe de Priscila) e Elair Terezinha Silva da Silveira (avó de Priscila), que faleceram em 2020 vítimas da covid-19 com apenas 36 horas de diferença.
“Uma doença que estava do outro lado do mundo devastou com a nossa família e levou nossos dois pilares”, disse Priscila durante entrevista na RDX FM. Após o falecimento da mãe e avó, Priscila começou a publicar textos sobre seu momento de luto, e chamou a atenção de uma amiga de Curitiba que faz parte desse projeto de contos publicados sobre pessoas que faleceram.
Priscila aceitou o desafio e iniciou a produção do conto.
“Não tinha como escrever sobre a mãe sem falar da minha avó. As duas eram muito ligadas, as duas estão juntas na eternidade”.
Priscila ficou imensamente feliz com a publicação do livro e almeja a publicação de novos projetos, com palavras encontradas no acervo da própria Elizete. “O sonho da minha mãe era publicar um livro, e eu realizei de uma forma especial”, diz. Além da história de Elizete e Elair, o livro conta com outros relatos reais.
São poucas unidades disponíveis do livro físico, e os interessados podem entrar em contato no telefone de Priscila (42) 98848-0586.
“Dizem que o ser humano morre três vezes.
A primeira acontece ainda criança com a noção de que aquele bichinho ou aquele parente não estará mais por ali.
A segunda é o falecimento do corpo, a morte propriamente dita.
Já a terceira é quando a última pessoa que ainda se lembra de quem partiu se esquece desse alguém.
Contudo, isso não acontecerá às pessoas amadas pelos escritores deste livro, que, por intermédio destas páginas, eternizaram sorrisos, costumes, manias, histórias e muita saudade.”