Para mostrar a complexidade envolvida na produção de alimentos, do campo até as gôndolas dos supermercados, e incentivar o cultivo em espaços urbanos, a Prefeitura de Curitiba inaugura, no fim de junho, a primeira fazenda urbana no Brasil.
Com um investimento de R$ 3 milhões, o espaço de 4.435 mil metros quadrados, no bairro Cajuru, terá composteiras, estufas, hortas comunitárias, uma cozinha escola, canteiros elevados para cadeirantes e um contêiner que funcionará como sala de atividades.
Serão mais de 60 projetos de agricultura orgânica, como a produção de frutas, legumes e verduras, além de ervas, temperos e chás – sempre culturas de ciclo curto. Com capacidade para receber entre 50 a 60 pessoas por dia, em diferentes atividades, a fazenda ainda contará com jardins de mel, a partir de abelhas nativas sem ferrão.
A ideia é que o espaço tenha uma função educativa para quem reside nas grandes cidades. “A fazenda tem essa pegada de resgatar a visão rural para o público urbano”, explica Luiz Gusi, secretário de Segurança Alimentar e Nutricional de Curitiba.
A capital paranaense possui um verdadeiro cinturão verde, com 24 mil agricultores em 29 municípios da região metropolitana, a maioria voltada à produção de folhosas. Por isso, a estrutura do espaço será usada para aulas e workshops aos produtores das 87 hortas comunitárias.
Mas não só isso: atenderá crianças e jovens da rede de ensino municipal e demais interessados em aprender a produzir em pequenos espaços, como casas e apartamentos.
A gestão municipal pretende trazer chefes de cozinha para realizar treinamentos, utilizando os alimentos e temperos produzidos no local. O objetivo é demonstrar, na prática, o sabor da refeição produzida em pequenas hortas.
Outro aspecto importante é que empresas de insumos e equipamentos que atuam na produção de alimentos orgânicos, como sementes, irrigação, plasticultura e mudas, poderão utilizar a estrutura da fazenda para expor seus produtos.
Tecnologia e sustentabilidade
Trazer a sustentabilidade como um dos pilares da produção agrícola também integra as bases da fazenda urbana paranaense. Por isso, os canteiros das hortas serão sustentados com troncos de madeira ou canos de PVC.
A energia para o funcionamento da estrutura será produzida a partir de fontes eólica e solar. Os interessados também poderão aprender a fazer a captação e o reaproveitamento da água das chuvas, aspecto importante para o desenvolvimento das plantas.
“Atrelar o uso de energias alternativas é fundamental para a questão educativa. Além disso, nós passamos por vários momentos de seca e estiagens durante o ano. Então, é importante explicar como melhor utilizar a água”, afirma Luiz Gusi.
Agora, a Secretaria de Segurança Alimentar e Nutricional busca parcerias com startups focadas na produção de hortas para casas ou apartamentos, com tecnologias específicas, que permitam, por exemplo, os usuários medirem a temperatura ou saber a quantidade de água a ser depositada na plantação.
Em tempos de pandemia, onde a orientação é evitar locais com aglomeração, a produção e a troca de diferentes alimentos caseiros pode ter um novo estímulo fomentado na capital paranaense.