O catarinense Nilton Brini, 71, trabalhou a vida inteira como caminhoneiro: por dĆ©cadas, viajou por todos os cantos do Brasil, do litoral ao interior, das pequenas Ć s grandes cidades do paĆs.
Pouco tempo apĆ³s se aposentar, ele jĆ” estava morrendo de saudade da estrada. “Quando finalmente conquistei minha aposentadoria, percebi que nĆ£o conseguia ficar muito em casa. Queria continuar circulando por aĆ”, contou ele a Nossa.
Nilton tem uma casa em Blumenau (SC) e, em sua garagem, estava encostado um Fiat Uno vermelho, ano 1992, que iria virar um segundo lar para o ex-caminhoneiro.
“HĆ” oito anos, peguei o Uno e comecei a viajar sozinho com ele. E nĆ£o parei mais”, disse.
A ideia era rodar pelo Brasil da maneira mais econĆ“mica possĆvel. Por isso, Nilton arrancou o assento do passageiro e o banco traseiro do carro e colocou, no lugar, um colchĆ£o e uma pequena geladeira.
TambĆ©m pendurou cortinas nas janelas e conseguiu achar espaƧo para um fogareiro e itens de cozinha, como panelas. A casa mĆ³vel estava montada āe recebeu um nome poderoso, inspirado em sua cor: TrovĆ£o Vermelho.
“Com o TrovĆ£o, viajei por lugares como as praias de Santa Catarina, a regiĆ£o da Serra da Canastra (MG), o interior de SĆ£o Paulo e o litoral do EspĆrito Santo. Dormia dentro do carro e, no dia seguinte, seguia viagem. Mas depois de milhares de quilĆ“metros rodados, comecei a sentir necessidade de ter mais espaƧo”.
Carreta acoplada
HĆ” dois anos, Nilton comprou uma carreta toda fechada para ser acoplada Ć traseira do Uno. E, dentro desse espaƧo, montou uma nova casa: lĆ” colocou uma cama, uma televisĆ£o e atĆ© um vaso sanitĆ”rio portĆ”til.
Quando acha um lugar agradƔvel nos destinos que estƔ visitando, ele para o carro, abre um toldo que faz parte da carreta e, sob a sua sombra, pƵe uma mesinha para fazer refeiƧƵes.
Acostumado Ć s longas jornadas solitĆ”rias do seu passado caminhoneiro, Nilton gosta de pegar a estrada sozinho:Ā “Viajando sĆ³, tenho liberdade. Posso fazer o que quiser, na hora que quiser”, afirma.