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Święconka: bênção de Páscoa polonesa sobrevive a gerações e se adapta à cultura local

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Foto: Larissa Drabeski/Reprodução/Gazeta Informativa.

Uma tradição que celebra a vida e marca a partilha em família. No sábado de aleluia, poloneses mantém o costume de levar alimentos para a bênção na igreja. A Święconka, como é chamada em polonês, também ganhou espaço junto à celebração pascal em São Mateus do Sul e em outras cidades marcadas pela colonização polonesa.

Nas cestas, bem decoradas, tradicionalmente recheadas com kielbasa (linguiça), crym (raiz forte) que lembrava as horas amargas de Cristo, cordeirinho de manteiga para lembrar Cristo imolado, e ovos – que simbolizam a vida – são pintados (pisanki) ou coloridos com casca de cebola ou erva-mate. Os alimentos bentos se tornam a primeira refeição do domingo de Páscoa, em um momento de partilha em família.

A tradição foi trazida para cá por imigrantes e pelas freiras e padres poloneses que aqui trabalharam. Assim como as vias-sacras em polonês e o pisanki esta é uma tradição polonesa adotada pela comunidade local e que permanece viva, geração após geração.

José Carlos Janowski, morador da Colônia Iguaçu, lembra que a tradição na sua família vinha desde seus bisavós. A casa do seu pai, Marcelo Janowski, era um dos lugares em que a bênção acontecia a cada ano, reunindo toda a vizinhança.

A preparação começava já durante a semana. Com vassoura de capoeira, José Carlos lembra que a família limpava todo o terreno. “Deixava impecável”, recorda-se. Então, era a vez de buscar areia no rio, da mais branca possível, e buscar flores para enfeitar o caminho por onde o padre passaria. As casas passavam por uma limpeza completa e depois eram decoradas com cordões de papel. Outros trabalhos eram deixados de lado e para terem a preparação espiritual.

Na década de 1960, de acordo com José Carlos, nos sábados de aleluia, Marcelo Janowski ia cedo para a cidade entregar leite. Na volta, trazia consigo o pároco para celebrar a bênção na Colônia Iguaçu. Esse era só o início de uma peregrinação, por diversas comunidades do município. De carroça, o padre seguia até a comunidade da Anta Ruiva. Depois, era a vez da casa da dona Rosália Rochaki. De lá, o senhor Francisco Toporowicz levava o padre para a Colônia Cachoeira. Assim, durante o dia ele seguia ainda de rural até o Paiol Grande, com seu Anito Macuco; para a Colônia Taquaral, na casa da família Wisniewski e terminava no seu Chico Janoski.

Mais tarde, já na década de 1990, a fundação da Braspol (Representação Central da Comunidade Brasileiro-Polonesa no Brasil) contribui para reacender esta tradição. “Por muito tempo as pessoas tinham vergonha de fazer coisas relacionadas à cultura polonesa”, afirma José Carlos.

Evaldo Drabeski, que participou da fundação e do trabalho da Braspol por vários anos, comenta que esta tradição estava um pouco enfraquecida. Desde o início do trabalho da instituição, buscou-se incentivar a bênção de alimentos com a organização e a divulgação do evento. Este trabalho, mostrou a importância do diálogo entre as instituições culturais e a Igreja. “O incentivo dos padres para manter esse costume também é muito importante. A cada ano, vemos que tem aumentado a participação das pessoas”, avalia.

“É uma coisa muito bonita. É importante preservar e passar para os filhos e netos. O polonês valoriza muito o alimento, para ele é sagrado, nós aprendemos desde casa”, complementa Evaldo.

Com a adoção deste costume pela comunidade brasileira, alguns aspectos também são modificados. Os alimentos tradicionais dividem espaço na cesta com ovos de chocolate, vinho, refrigerante, entre outros.

Para Magdalena Tosetto, polonesa da cidade de Gdansk, ver essa tradição sendo cultivada aqui no Brasil é motivo de muita alegria. Seu primeiro contato com a Święconka no Brasil foi em 2007, em Guarapuava. “Fiquei impressionada”, declara.

Moradora de São Mateus do Sul, ela e a família participam anualmente da benção de alimentos da Igreja Matriz São Mateus. Ela destaca que esta tradição já vem de família. Os poloneses preparam cestas pequenas e bem decoradas que são levadas pelas crianças, as bênçãos acontecem de hora em hora. De acordo com Magda, a quantidade de alimentos é diferente. “As cestas na Polônia são pequenas. É algo simbólico, para repartir os alimentos bentos no café da manhã de Páscoa”, avalia. “Eu agradeço a Deus por poder participar desta tradição aqui, porque eu dou muito valor e posso fazer com meus filhos, passar a eles este costume”, complementa.

Matéria publicada pela Gazeta Informativa em 2017/Texto Larissa Drabeski.

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