O encontro de assinaturas de mulheres nas atas da câmara de vereadores no início do século XX, e a eleição da primeira mulher prefeita em São Mateus do Sul serviu de inspiração para a historiadora Hilda Jocele Digner Dalcomuni desenvolver uma dissertação de mestrado sobre a participação feminina nos espaços públicos do município. Ela analisou registros históricos datados de 1911 à 1932, em oito atas.
Em entrevista para a RDX, Hilda afirmou que ficou durante três anos trabalhando no tema. “Esse trabalho vem para contribuir com a história das mulheres e para visibilidade das mulheres de São Mateus do Sul, do início do século XX. A Câmara Municipal configurou-se como um espaço público onde existiu uma representatividade através daquelas mulheres que assinaram seus nomes nas Atas. Quando encontrei as assinaturas das mulheres nas atas em 1911, chamou muito a minha atenção e fiquei também muito curiosa para saber porque elas estavam lá e quem eram essas mulheres “, conta.
É importante deixar claro que historicamente, no início do século XX, as mulheres enfrentavam desafios significativos em termos de direitos, acesso à educação, participação na vida pública e igualdade de oportunidades. O encontro desses registros na câmara de vereadores é uma raridade.
Ao todo foram encontradas 77 assinaturas de mulheres nesse período, e dessas assinaturas, com base no maior número de registros de assinaturas e também de fontes, quatro delas tiveram um aprofundamento na pesquisa e ainda que de forma parcial, sobre parte da história de vida delas, como consta na dissertação, sendo:
- Mercedes da Silva Portes;
- Aline Niclewicz Amaral;
- Carolina de Abreu Santos Maciel;
- Lavínia de Abreu Wolff.
Mercedes e Aline, além de serem grandes amigas, também se revezaram na presidência da Primeira Associação de Proteção à Maternidade e Infância de São Mateus do Sul, atual CMEI Casulo, e também desenvolvendo trabalhos filantrópicos. Na participação pública, elas angariavam recursos e fundos para a Associação.
Já Carolina e Lavínia foram pianistas em São Mateus do Sul. Lavínia se tornou pianista após uma lesão no pulso e por recomendação médica, começou na área musical. Ela atuou como professora de piano em casa e também no Grupo Escolar de São Mateus. Uma outra curiosidade, é que ela tocava piano em festas e também no cinema de São Mateus do Sul, na época em que o cinema era mudo. Carolina também atuou como professora de piano, e com grande participação em eventos religiosos e familiares.
Segundo Hilda, o trabalho na íntegra estará disponível no meio do ano nas plataformas digitais da Unicentro. Ela também ressalta que está à disposição na Casa da Memória de São Mateus do Sul, local onde trabalha, para os interessados em conhecer mais sobre a pesquisa.