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domingo, maio 5, 2024
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Palmeira dá os primeiros passos para organizar a criação de porco Moura

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Criação do porco Moura é sustentável, com o animal ao ar livre, solto em pasto aberto, e com alimentação específica e natural com frutos e vegetação nativa. Foto: Divulgação.

Com o objetivo de organizar a cadeia produtiva do porco Moura em Palmeira, um comitê formado por representantes do Poder Público, empresários, Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), Associação Paranaense de Criadores de Porco Moura e Sebrae/PR, tem se reunido para planejar ações que tornem a atividade rentável, fomentem a economia local e agreguem fonte de renda para os pequenos produtores.

Conforme a consultora do Sebrae/PR, Mariana Santana Scheibel, uma das primeiras ações é levantar quem e quantos são os produtores e aproximar instituições interessadas em participar do projeto.

“A ideia é estruturar o setor, ganhar mercado, certificar a carne e entender o papel de cada um na cadeia produtiva. É um trabalho que depende de planejamento e que necessita do envolvimento efetivo dos interessados”, frisa a consultora.

A chef de cozinha e empresária Rosane Radecki conta que o primeiro contato com a carne do suíno aconteceu há aproximadamente oito anos. Segundo ela, a forma com que o animal é tratado resulta em uma carne diferenciada, tanto no aroma quanto na textura e na coloração.

“A criação do porco Moura é sustentável, com o animal ao ar livre, solto em pasto aberto, e com alimentação específica e natural com frutos e vegetação nativa, o que resulta em um aroma diferente do porco criado confinado e com ração.  Além disso, existe todo um cuidado no abate, resultando em uma carne de extrema qualidade”, conta.

Grupo é formado por representantes do Poder Público, empresários, Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), Associação Paranaense de Criadores de Porco Moura e Sebrae/PR. Foto: Divulgação .

Foi diante das dificuldades encontradas no passado, como inexistência de indústrias que fizessem cortes do animal, que tem porte maior, que a empresária não inseriu no cardápio do restaurante que tem às margens de uma rodovia, em Palmeira. A expectativa, no entanto, é que a partir de 2024 isso venha a acontecer.

“Estamos negociando com indústrias o abate e o corte do animal. Desta forma, é possível aproveitar melhor o produto e inserir no nosso cardápio no próximo ano”, comenta.  

Foi a paixão pela carne do porco Moura que despertou o desejo de também ser uma criadora. A empresária diz que um dos projetos é ter uma chácara modelo de criação e que seja também um local de visitação.

“Acho importante ter no meu restaurante um produto que eu mesmo crio. Isso abre novas possibilidades, pois o meu cliente pode ter uma experiência gastronômica diferenciada, visitando a propriedade após consumir o produto”, revela.

Atualmente, a criação da raça pela empresária acontece em parceria com um produtor de orgânicos de Palmeira.  Para ela, com a organização da cadeia produtiva e o planejamento de ações será possível tornar o município um polo de produção e referência no mercado.

“É importante que se tenha a rastreabilidade da produção. Quando se desenvolve a cadeia é possível gerar mais renda, movimentar o turismo rural, ser referência no setor e explorar melhor as propriedades rurais”, avalia.

Proprietário da empresa na aérea de consultoria agropecuária, o zootecnista Charles Novinski, é um dos envolvidos no trabalho de organização da cadeia produtiva do porco Moura, em Palmeira. Segundo ele, é importante, nesse primeiro momento, focar no caminho reverso, ou seja, levar a informação até o consumidor para que ele conheça o produto e o mercado seja estimulado.

“É essencial que o consumidor busque o produto, conheça a história da raça, o alto grau de bem-estar com que o animal é criado e tenha garantia de origem do produto. Esse mercado já existe, mas precisa ser desenvolvido. Muitos consumidores querem saber a origem do que estão consumindo, quem é o criador, como os animais foram criados. Após isso, é importante buscarmos indústrias para fazer os cortes e os produtos e, por fim, trabalharmos com os criadores”, comenta.

Segundo ele, não existem dados oficiais sobre a criação no Estado, mas sondagens com criadores que mantêm a raça pura e que compraram animais de origem genética conhecida. São 32 vinculados à Associação Paranaense de Criadores de Porco Moura, com rebanho de 500 animais. No entanto, há criadores que não estão associados, com uma média de 400 animais.

Conforme a diretora de Agricultura e Pecuária da Prefeitura de Palmeira, Thais de Almeida Santos, existe uma preocupação da gestão municipal em padronizar a criação do porco Moura na cidade.

Para isso, a Prefeitura está desenvolvendo, em parceria com o Sebrae/PR, o projeto “Porco Moura Palmeira”, que visa incentivar a criação, com a oferta de assistência técnica. Além disso, a carne é indicada para charcutaria, isto é, em embutidos como linguiças, salames e presuntos.

“Queremos padronizar e incentivar a criação, saber quem são os produtores, oferecer assistência técnica e subsídios para que possam ter uma renda extra com a carne”, diz a diretora.

A zootecnista e professora da UEPG, doutora Maria Marta Loddi, é uma das integrantes do Comitê e acredita que a estruturação da cadeia produtiva é importante, principalmente com relação à parte técnica de apoio aos criadores.

“É fundamental buscarmos certificação da carne, ter cuidados com a legalização do abate, verificar o direcionamento genético e direcionar para quem será comercializado o produto”, pontua.

Regiões produtoras

Existem criações da raça no Paraná, em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul. A espécie foi introduzida na região sul do Brasil ainda no período colonial, pelos europeus, especialmente pelos portugueses e espanhóis, e hoje é reconhecida como uma raça existente só no Brasil. Como o Porco Moura tem maior resistência a doenças e a condições climáticas adversas, a sua criação é mais fácil em regiões de clima frio.

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