Começou nesta segunda-feira (11), em Dubai, a primeira edição do Paraná Business Experience 2021, um evento inédito realizado para conectar empresas paranaenses de diversos segmentos com investidores e compradores estrangeiros dos Emirados Árabes Unidos e de outros países.
O evento acontece paralelamente à Expo Dubai 2020, a maior exposição internacional do mundo e que este ano conta com a participação de 191 países, entre eles o Brasil, que até o próximo dia 17 homenageia o Estado do Paraná no pavilhão dedicado ao País.
O primeiro dia começou com uma série de palestras sobre como fazer negócios com os Emirados Árabes Unidos, voltadas aos empresários paranaenses, e painéis com empresas e autoridades do Estado, direcionados aos investidores estrangeiros.
O primeiro a falar foi o embaixador do Brasil nos EAU, Fernando Igreja. Ele explicou o processo que transformou os sete principados da região, há 50 anos, ainda sob domínio britânico, na grande potência econômica da região do Mar Arábico.
“Os Emirados Árabes souberam transformar a sua riqueza natural, o petróleo, em oportunidade. Mas o objetivo do país não é depender desta riqueza, por isso, investem tanto em inovação, principalmente na área de energia eólica e solar, diversificando a sua economia”, contou. “Todos os nossos setores produtivos podem se beneficiar desta parceria. E o Paraná tem excelentes oportunidades para ampliar os seus negócios aqui”.
Naji Hatem e Glauber Adão Jaskievicz, da Rockland Group falaram sobre como abrir um negócio na região e como funcionam as Zonas Francas (também conhecidas como Free Zones) nos EAU. A programação voltada para empresas paranaenses contou ainda com a participação dos advogados Hani Naja e Rony Eid, do escritório Baker & McKenzie, sobre jurisdições locais; e com a apresentação da chefe de Operações do Escritório da Apex-Brasil em Dubai, Karen Jones.
O governador Carlos Massa Ratinho Junior descreveu, a partir de cada município-polo do Estado, a potência produtiva e econômica do Paraná. Também lembrou do objetivo de tornar a região um hub logístico da América do Sul, ou “a ponte entre as regiões Sul e Sudeste, e entre os Oceanos Pacífico e Atlântico”.
Ratinho Junior lembrou dos investimentos realizados em grandes projetos de infraestrutura e em obras de desenvolvimento urbano realizados nos últimos dois anos e meio. “Atraímos mais de R$ 83 bilhões de negócios com a confiança da iniciativa privada e sabemos onde queremos chegar. Melhorar todos os nossos indicadores, dar a guinada em infraestrutura que a população merece e construir o Estado mais inovador do Brasil”, afirmou.
O presidente da Invest Paraná, Eduardo Bekin, disse que atualmente o comércio entre o Paraná e os EAU gira em torno de US$ 359 milhões/ano. “Nosso objetivo é dobrar esse número. Eles têm o dinheiro para investir e nós temos os produtos que eles precisam”, afirmou. Logo em seguida, a comitiva do governo paranaense participou de uma série de encontros com empresários e investidores locais.
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PRIMEIRO DIA – Esse primeiro dia da rodada de negócios foi dedicado ao mercado de madeira, papel e celulose, agronegócio e a indústria de alimentos e bebidas. Na terça-feira será a vez das áreas de wellness, tecnologia, infraestrutura e indústria automotiva.
O desenvolvimento sustentável foi destaque do painel sobre o segmento de madeira, papel e celulose, que contou com a participação do dono da Repinho Reflorestadora, Odacir Antonelli, com diretores da Klabin Francisco César Razzolini e Flávio Deganutti. As duas empresas mostraram como é possível crescer e se tornar referência no mercado mundial, priorizando a proteção ambiental e as práticas sustentáveis.
A Klabin, instalada no Paraná desde 1934, tem como foco produtos florestais renováveis, recicláveis e biodegradáveis. De acordo com Razzolini, toda a gestão da empresa está orientada para o desenvolvimento sustentável. “Possuímos a maior reserva privada de Mata Atlântica do Brasil, com 250 mil hectares. Além disso, 43% das nossas áreas florestais são preservadas e realizamos o manejo florestal em mosaico, intermediando florestas plantadas com florestas nativas, formando corredores ecológicos que preservam nascentes e protegem 822 espécies de fauna e 1,9 mil espécies de flora”, explicou.
A empresa tem uma capacidade de produção anual de 2,1 milhões de toneladas papel e 1,6 milhão de toneladas de celulose de mercado. Grande parte dessa produção vai para a fabricação de embalagens para alimentos, como frutas, verduras, proteína animal e líquidos.
A Repinho Reflorestadora, terceira maior empresa de compensados do País, é economicamente autossuficiente em matéria-prima e as suas reservas florestais são preservadas. “Mantemos árvores de até 60 anos de idade e incentivamos o plantio para preservar a mata nativa e as nascentes. O reflorestamento para a Repinho é ouro verde”, explicou Antonelli.
Responsabilidade social e educação são outras preocupações do grupo, que atualmente conta com 19 empresas, além de um parque tecnológico, dedicado à inovação. “Além de investir na formação dos funcionários, acompanhamos a vida escolar de 700 crianças de 2 a 8 anos de idade e estabelecemos parcerias com universidades para a formação de jovens”, completou.
COOPERATIVISMO – O segundo painel, mediado pelo secretário de Estado de Agricultura e Abastecimento, Norberto Ortigara, abordou o segmento de alimentos e bebidas, e recebeu Luiz Lourenço, presidente da Cocamar, representando o Sistema Ocepar; Jorge Karl, presidente da Agrária; e Walter Andrei, da C. Vale.
O tema central foi a força e a importância do cooperativismo para o desenvolvimento do Estado. Segundo Lourenço, 60% de toda a matéria-prima produzida pelo Paraná passa pelo sistema cooperativo. “O Estado conta com o melhor cooperativismo do Brasil. Isso porque ele se baseia nas pequenas propriedades, que por conta própria não conseguem comprar e vender”, disse.
A sustentabilidade foi outro tema de destaque entre os convidados. Karl lembrou que o Paraná é pioneiro no plantio direto, que reduz os custos de produção, aumenta a estabilidade do solo e evita o uso massivo de herbicidas e inseticidas. “As cooperativas paranaenses possuem todas as certificações e o Brasil é um dos poucos países do mundo que têm capacidade de crescimento na produção de alimentos sem precisar de grandes áreas”, explicou.
“Nossa agricultura é competitiva porque temos escala, território e produzimos o ano inteiro. E vamos aumentar a nossa produção sem derrubar nenhuma árvore”, completou Ortigara.