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sexta-feira, novembro 29, 2024
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Santo Antônio: 5 curiosidades sobre o frade casamenteiro

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Imagem: Getty Images

Santo Antônio de Pádua, que na verdade nasceu Fernando e em Lisboa, é parte da cultura e da história brasileira. Considerado o santo casamenteiro e das coisas (ou das causas) perdidas, ele permanece vivo em simpatias populares: novenas, correntes e até pendurar a imagem de cabeça para baixo são algumas das estratégias usadas para conseguir um apoio do santo.

Proveniente de uma família da elite portuguesa, o santo foi batizado com o nome Fernando. Identificou a vocação religiosa ainda jovem e partiu em missão: foi ao Marrocos, percorreu boa parte da Itália em seus trabalhos missionários e foi até enviado à França para converter hereges. Escolheu passar o fim da vida em Pádua, onde morreu no dia 13 de junho de 1231. Menos de um ano após sua morte, foi reconhecido oficialmente como santo, após a análise de 53 milagres.

Apesar de toda a popularidade, pouco se sabe sobre sua trajetória exata. O fato de ter vivido há 800 anos e a falta de documentação para muitos dos relatos contribuem para que história e lenda se misturem. Em Santo Antônio, livro lançado no início de 2021 pela Editora Planeta, o jornalista Edison Veiga traçou uma detalhada biografia do santo, desmistificando fatos e revelando curiosidades. Algumas delas você confere a seguir:

1. Data do nascimento
Na comemoração dos 750 anos da morte de Santo Antônio, em 1981, o Vaticano autorizou uma nova exumação de seus restos mortais. Uma equipe multidisciplinar de cientistas da Universidade de Pádua realizou exames antropométricos na ossada, e constatou que o frade não morreu com 35 para 36 anos, como se acreditava.

Embora os relatos o apresentassem como alguém que nasceu em 15 de agosto de 1195 e morreu em 13 de junho de 1231, o homem sepultado tinha pelo menos 40 anos ao morrer. Como a data da morte é extensamente comprovada, o mais provável é que ele tenha nascido alguns anos antes, por volta do fim dos anos 1180. O retrocesso cronológico torna outras passagens de sua biografia mais verossímeis, entre elas a idade de entrada na vida religiosa. 

2. Restos mortais roubados
Após a exumação, Antônio de Pádua foi colocado em um caixão de cipreste e sepultado novamente no santuário. Mas o sossego não durou muito: em outubro de 1991, três homens armados e mascarados violaram o esquema de segurança da basílica e roubaram o osso da boca exposto como relíquia. Eles telefonaram para a polícia e pediram dinheiro para não lançarem o fragmento santo em um rio.

Não contavam, porém, com a intervenção divina do próprio homem que teve seu osso roubado — afinal, Santo Antônio é conhecido por ajudar a encontrar coisas perdidas. Dois meses depois, a mandíbula foi encontrada no aeroporto de Roma, o mais movimentado da Itália.

3. Nome de 38 cidades do Brasil
No livro de Veiga, o folclorista Câmara Cascudo reconhece a hegemonia de Antônio: “rara será a cidade, vila ou povoado sem uma rua de Santo Antônio ou uma igreja de Santo Antônio, em todas as terras do idioma português.” Considerando as denominações oficiais, 38 municípios brasileiros têm o nome do santo — desde Santo Antônio, no Rio Grande do Norte, a Santo Antônio do Içá, no Amazonas, Santo Antônio dos Milagres, no Piauí, e até nomes compostos, como Barra de Santo Antônio, nas Alagoas.

4. Vereador de um município brasileiro
Santo Antônio é padroeiro de 84 municípios do Brasil. Em um deles, chegou a se tornar vereador. Acredite ou não, em 1754, a Câmara de Igarassu, no litoral de Pernambuco, tentou torná-lo um dos representantes. Diante da negativa de autorização real, acabaram transformando-o em santo protetor da casa.

Mas, em 1951, a ideia voltou à tona — e colou. Com a resolução de número 17, Santo Antônio virou vereador perpétuo da cidade, com remuneração anual destinada à compra de pão para os pobres em seu dia, 13 de junho. Em 1994, o salário foi padronizado para um salário mínimo mensal, que passou a ser recebido pelo convento de Santo Antônio. Catorze anos depois, porém, o Ministério Público de Pernambuco determinou a suspensão do ordenado ao santo — mas não o título. Santo Antônio, portanto, segue como vereador (agora voluntário) em Igarassu.

5. Canonização em tempo recorde
Menos de um mês após a morte de Antônio, o bispo Corrado solicitou ao Papa Gregório IX que desse início ao processo de canonização do frade, que já era venerado como santo. Mas o assunto enfrentou resistência de setores do cardinalato: o reconhecimento da santidade de Antônio, da mesma ordem do recém canonizado Francisco, poderia causar ciumeira em outras ordens. O ideal seria intercalar. Mas a enxurrada de relatos milagrosos pesava contra os resistentes, que tiveram que ceder. Em 30 de maio de 1232, menos de um ano após a morte de Antônio, Gregório IX anunciou sua santificação.

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