Perder alguém querido é uma das dores mais difíceis de se enfrentar. Em Araucária, Região Metropolitana de Curitiba (RMC), a família de um idoso que morreu após anos lutando contra uma doença teve que encarar essa dor duas vezes: o corpo de Manoel André do Nascimento foi sepultado na sexta-feira (16), e no sábado (17) a família soube que o túmulo e o caixão tinham sido violados.
O crime foi denunciado pela Rádio Plug, de Araucária. Maria Aparecida Nascimento, a filha de Manoel, contou que sepultou o pai por volta das 10h, no Cemitério Municipal Jardim Independência. Poucas horas depois, soube do ocorrido.
“Viemos embora para a casa para poder descansar um pouco, não dormi a noite inteira e hoje [sábado] pela manhã tive essa triste notícia, que o túmulo do meu pai estava aberto e o caixão. Fomos lá, tive que ver, tirar a dúvida, abrir o caixão para ver se meu pai estava lá, só ergui a tampa porque o caixão estava aberto para ter certeza que meu pai estava lá”. disse Maria Aparecida Nascimento, a filha de Manoel.
A família se revoltou com a situação, principalmente quando soube que não foi a primeira vez que isso aconteceu no mesmo cemitério.
“Isso é uma falta de respeito com nós filhos. Disseram pra gente que isso é comum de acontecer nesse cemitério, então peço segurança, porque nós enterramos nosso pai ontem achando que ele estava em um lugar seguro e não está”, comentou Maria Aparecida Nascimento, a filha de Manoel.
O irmão de Maria Aparecida, Francisco Nascimento, disse que foi atrás de respostas dos responsáveis pelo cemitério, que é a Prefeitura de Araucária, e se revoltou ainda mais.
“Falaram que a responsabilidade das 20h às 5h era dos coveiros e dos coordenadores do cemitério, e das 5h às 8h era da Guarda Municipal, mas a Guarda Municipal não está fazendo o papel dela, porque ela tinha que entrar lá dentro, fazer vistoria a cada meia hora, a cada hora, porque ela está sendo paga para isso, já chama-se ‘Guarda Municipal’, não para ficar correndo atrás se exibindo com arma potente. O papel dela não está fazendo, que é cuidar do patrimônio público, e a gente está pagando por isso, ele não está lá de graça. Estou muito revoltado com isso”, disse Francisco Nascimento, filho de Manoel.
Debora, a neta de Manoel, disse que a família não vai deixar que a situação passe despercebida. Principalmente para evitar que isso continue acontecendo e que outras famílias passem pela mesma dor.
“O sentimento agora é de revolta e a gente vai unir nossas forças para lutar até onde for preciso para que isso não aconteça com nenhuma outra família, porque tudo que a gente faz nada é de graça”, comentou.
Segundo a jovem, até mesmo o secretário da segurança de Araucária informou a família que isso costuma acontecer.
“Ele disse que infelizmente isso acontece e que não é possível deixar um guarda ou um vigilante 24h lá por dia. Então eu gostaria de fazer uma pergunta para ele: qual é o papel da Guarda Municipal, se não para cuidar do patrimônio público? Porque mesmo depois de morto ele está pagando para estar lá. Vamos atrás de atitudes para que isso não aconteça mais”, comentou Debora, revoltada com a situação.
Após a situação ser descoberta e informada aos familiares, o túmulo foi novamente fechado pela Prefeitura de Araucária, através da Secretaria do Meio Ambiente.
O que disse a Prefeitura de Araucária?
Em nota, sobre o caso do vandalismo identificado no Cemitério do Jardim Independência, a Secretaria de Meio Ambiente, secretaria responsável por gerenciar o local, informou que vai registrar um boletim de ocorrência com a Polícia Civil para que o crime seja apurado e orienta a família a fazer o mesmo.
Já a Secretaria Municipal de Segurança Pública repudiou o ato de vandalismo que ocorreu e destacou que “está tomando as providências cabíveis referente ao fato, sendo que já faz rondas periódicas no perímetro”. Segundo a pasta, quem suspeitar de atividade no entorno desses locais entre em contato através do número 153.