Foto: Arquivo pessoal
O médico que prestou socorro na Boate Kiss, teve um reencontro emocionante e trabalhou durante um plantão com um dos sobreviventes da tragédia de 2013.
Um médico socorrista, que atuou e salvou pacientes na Boate Kiss, reencontrou um dos estudantes de uma maneira bem inusitada: eles deram plantão juntos!
Carlos Dornelles foi o primeiro médico a entrar na boate após o incêndio e foi ele que organizou a transferência dos feridos de Santa Maria para Porto Alegre. Um dos casos era Gustavo Cadore, que estava bem grave e precisou de várias cirurgias.
O rapaz se recuperou e depois de ficar no hospital, voltou a pensar em uma antiga vontade que tinha, a de cursar Medicina. Ele conseguiu e agora encontrou o médico que o salvou em 2013, durante um plantão no Hospital Santa Cruz, em Santa Cruz do Sul.
Assim que a notícia do trágico acidente se espalhou, as equipes médicas correram para o local.
O médico Carlos Dornelles entrou no local e recebeu a árdua tarefa de organizar a transferência dos feridos. Quem estivesse mais grave, era encaminhado para Porto Alegre, o restante receberia atendimento na região.
Entre as 57 vítimas que chegaram à Capital de avião ou helicóptero, estava Gustavo Cadore. O estudante foi um dos últimos a deixar a boate e teve 40% do corpo queimado, ficando nove dias em coma no Hospital de Pronto Socorro de Porto Alegre. Ele ainda precisou de várias cirurgias até que pudesse retomar a normalidade.
Segundo o estudante, a tragédia o fez valorizar o que, para ele, realmente importa na vida. Gustavo tinha a defesa de doutorado em medicina veterinária marcada para março de 2013, mesmo mês do incêndio.
“Sempre tive essa vontade. E o incêndio me fez pensar mais nisso. Eu estive em uma situação de depender muito dos outros para fazer coisas que a gente dá como garantidas: respirar, caminhar, comer. Eu não conseguia tomar um copo de água sozinho. Agora, posso retribuir”, contou.
E, como a vida dá voltas, a emoção não parava por aí.
Gustavo passou na Universidade de Santa Cruz do Sul, conveniada com o Hospital Santa Cruz, onde Carlos, o médico que o salvou, trabalha.
Ele soube que seu anjo da guarda estava ali há mais ou menos um ano, mas nunca havia falado com o doutor.
No último dia 20, quando a escala do plantão foi divulgada, foi o médico que reconheceu o nome de Gustavo.
“Foi o acaso que nos reuniu. Carlos quase chorou e eu também”, brincou Gustavo.
Agora, estudante e ‘mestre’, podem trocar experiências.
“Jamais passou pela minha cabeça que eu pudesse aprender com a pessoa que me ajudou daquela vez. É muito gratificante. Não tenho palavras para agradecer”, destacou o estudante.
No plantão, Gustavo disse que aprendeu bastante com o doutor.
“[Foi] Gratificante. [Me sinto] honrado em poder aprender com ele. Passei pelas mãos deles sem nem saber [em 2013]. Trocamos muita ideia esta noite. Foi muito legal”, concluiu o plantonista.
Carlos, à esquerda, e Gustavo, à direita, deram plantão juntos no Hospital Santa Cruz. Foto: Arquivo pessoal.
Reportagem: Só notícia boa