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Após mais de 12 horas de júri, réus são condenados pela morte de Bruno Kanigyan Mendes Alves

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Dois acusados foram condenados por homicídio triplamente qualificado. Foto: Edinei Cruz/PORTAL RDX.

Após mais de 12 horas de julgamento, dois acusados de participação na morte de Bruno Kanigyan Mendes Alves, na época com 26 anos, que morreu no dia 13 de outubro de 2021 após ser agredido em uma chácara, foram condenados por homicídio triplamente qualificado (motivo fútil, meio cruel e mediante recurso que dificultou a defesa da vítima).

A reportagem do Portal RDX e da RDX FM acompanhou com exclusividade o Tribunal do Júri que iniciou às 9h e terminou por volta de 21h40, e que pela primeira vez, teve a participação somente de mulheres no júri.

O acusado Thalisson de Lima Moreira foi condenado a pena de 22 anos, 10 meses e 12 dias de reclusão a ser cumprida no regime fechado, pela prática do crime de homicídio qualificado (art. 121, §2º, incisos II, III e Iv c/c art. 29, caput, do Código Penal).

O outro acusado, Luan Oliveira de Lima foi condenado a pena de 13 anos e 24 dias de reclusão a ser cumprido no regime fechado, pela prática do crime de homicídio qualificado (art. 121, §2º, incisos II, III e Iv c/c art. 29, caput, do Código Penal).

Foto: Edinei Cruz/PORTAL RDX.

Em entrevista à RDX FM, a mãe de Bruno, Márcia Mendes, afirmou acreditar na Justiça e ainda se solidarizou com a família dos acusados pela morte de seu filho.

“Mudar a situação eu não posso, trazer meu filho de volta não consigo. Mas hoje a Justiça foi feita, e a outra que eu também acredito que é a Justiça de Deus. Agradeço à Ele por me permitir estar aqui e poder acompanhar todo esse processo. E me compadeço aos pais dos réus, que saíram chorando aqui do Fórum. Eu lamento por isso, e rezo à Deus por cada um dos familiares dos acusados”, disse.

Para o advogado Igor José Ogar, que atuou junto à família de Bruno Mendes, a conclusão do processo foi uma resposta à sociedade são-mateuense, que aguardava o resultado do júri.

“Vejo como uma vitória para São Mateus do Sul, onde as pessoas queriam que esses acusados estivessem em cárcere privado, diante da monstruosidade que foi a morte de Bruno. Eles [os réus] foram condenados por homicídio triplamente qualificado. Agradeço a confiança da família, em especial à dona Márcia que sempre me telefonava, e a minha colega Micheli Toporowicz, que mesmo adoecida, fez os estudos para trazer esse resultado”, diz.

A assistente de acusação, a advogada Micheli Toporowicz, afirmou que o resultado era esperado pela família e também falou sobre o menor de idade envolvido no crime.

“Saímos contentes com a escolha dos jurados, que com sabedoria reconheceram todas as qualificadoras desse caso, e foi aplicada uma pena adequada e justa aos réus. Já com relação ao menor de idade envolvido, ele não comete crime, mas sim ato infracional. Ele ja foi condenado, porém é diferente de uma situação com um maior de idade”, explicou.

Na avaliação do advogado Luís Gustavo Lara, que conduziu a defesa de Luan Oliveira de Lima, a condenação teve um peso maior por conta dos jurados serem da cidade onde ocorreu o fato, o que causou comoção na população.

“Na visão da defesa, parecia um processo um tanto simples, mas confesso que esse foi um dos mais difíceis que já atuei no Tribunal do Júri, por conta de que é um assunto delicado. As testemunhas se contradiziam bastante, uma investigação frágil, porém um caso bastante midiático. Esses são considerados mais difíceis para a atuação da defesa, porque comove a população da localidade onde ocorreram os fatos. Essa situação dificulta, ela fica mais pesada em cima da atuação da defesa. E com isso, a condenação tem um peso maior, até porque os jurados que atuaram aqui são da cidade, então era uma condenação esperada pela população”, avalia.

O advogado Roberto César da Silva Correa, que esteve a frente na defesa de Thalisson de Lima Moreira, fez críticas à maneira em que as provas foram apresentadas e afirmou que irá recorrer para que a condenação seja anulada.

“A análise da defesa não foi o que a gente esperava. Nós entendemos que as provas contidas nos autos não eram suficientes para colocar ele [Thalisson] na cena do crime. Várias provas frágeis, a investigação muito frágil referente à quem realmente participou das agressões e um processo mais baseado no ‘disque-me-disque’. Infelizmente no final teve a condenação que a gente não esperava, mas iremos recorrer, tendo o fato que duas das juradas demonstraram emoção durante a réplica do Ministério Público, e a defesa vai recorrer para que o ato seja anulado”, disse.

O promotor Rodrigo Sanches Martins, disse em entrevista à RDX, ter observado o interesse das juradas em acompanhar todas as análises, que pela primeira vez, foi formada somente por mulheres.

“Esse era um caso muito complexo, em que tivemos a população de São Mateus do Sul representada nessas juradas, que independente do resultado, demonstraram interesse a todo momento. Foi um dos poucos juris que acompanhei, onde vi todas atentas ao que diziam os advogados de defesa e acusação, e também do Ministério Público. Volto a reforçar que, independente do resultado, a justiça foi feita, justamente por esse interesse delas. E digo que foi até difícil saber a posição delas na sentença final, por conta dessa seriedade da atuação delas”, reconheceu.

Relembre o caso

Bruno Kanigyan Mendes Alves morreu no dia 13 de outubro de 2021. Ele foi agredido na região da cabeça no dia 10 de outubro do mesmo ano, e sua morte cerebral foi confirmada após internamento em um hospital de União da Vitória.

Foto: Reprodução/Redes Sociais.

Na época, a família disse à reportagem da RDX FM que o rapaz chegou a ser encaminhado ao Pronto Atendimento Municipal, mas não sabiam quem teria o agredido, e nem quem o encaminhou ao P.A.

Em novembro de 2021, o delegado Sérgio Luiz Alves, responsável pelo caso, informou que dois adultos foram indiciados por homicídio qualificado e corrupção de menores e um menor de idade responde por ato infracional análogo ao crime de homicídio qualificado.

Segundo o delegado, vídeos que foram gravados e compartilhados nas redes sociais do local do crime foram fundamentais para a elucidação da investigação. O inquérito foi encaminhado para a Justiça e Ministério Público que seguirão com a tramitação. Alves também ouviu testemunhas que informaram os motivos que levaram a agressão e posterior morte do rapaz.

“Segundo as pessoas ouvidas, três que estavam próximas [do momento da agressão], afirmaram que em um determinado momento um dos rapazes envolvidos teria passado o sapato na calça do Bruno e ele teria se incomodado. Com isso iniciou uma discussão e ali houve uma agressão de parte a parte, só que os outros dois envolvidos acabaram tomando parte na briga em favor do agressor e acabaram o espancando. Mesmo depois de caído, espancaram novamente vítima”, disse o delegado durante a entrevista.

Já em novembro de 2022, Dr. Igor José Ogar falou em entrevista na RDX sobre o processo. Segundo o defensor, o jovem foi convidado para ir a uma festa naquela data, quando foi assassinado por três pessoas, dois adultos e um adolescente, que juntos, teriam matado o rapaz a pauladas, garrafadas, socos e pontapés.

A mãe da vítima, Marcia Mendes, fez um desabafo sobre o caso na manhã desta quinta-feira (18), afirmando que aguarda com precisão, a conclusão deste caso e pediu justiça pela morte do filho.

O crime

Bruno Mendes foi agredido na madrugada do dia 10 de outubro, um domingo, enquanto participava de uma festa em uma chácara próximo à Vila Bom Jesus, em São Mateus do Sul. As agressões teriam ocorrido pela madrugada, mas foi levado ao Pronto Atendimento Municipal somente às 13h daquele dia. Com a gravidade dos ferimentos, ele chegou a ser transferido com suspeita de morte cerebral ao Hospital Regional, em União da Vitória, porém acabou não resistindo, e entrou em óbito no dia 13 de outubro.

Em novembro de 2021, a Polícia Civil concluiu o inquérito policial da morte de Bruno, indiciando dois adultos por homicídio qualificado e corrupção de menores, e um menor de idade que responde por ato infracional análogo ao crime de homicídio qualificado.

Edinei Cruz
Edinei Cruz
Repórter e Locutor da RDX FMInstagram: @edineicruzsms

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