A Casa Familiar Rural (CFR) de São Mateus do Sul tem a missão de emergir conteúdos e debates sobre agroecologia, sobre a diversificação de produtos relativos à agricultura e do uso de recursos naturais, destacando a importância dos recursos hídricos da região.
Em agosto de 2021 a CFR firmou parceria com a Petrobras para desenvolver o projeto Ecos do Campo, que vem contando com o envolvimento muito forte com as comunidades rurais do município, em especial, as comunidades de Paiol Grande, Rio das Pedras e Dois Irmãos.
Com propostas efetivas, o projeto tem contribuído para a melhoria da qualidade da água, elemento essencial para a realização das atividades humanas, para a produção de alimentos e para a manutenção da saúde.
As famílias participantes do projeto tiveram a oportunidade de participar de capacitações para o aprimoramento da produção, do manejo e do processamento mínimo de alimentos. Além disso, questões relativas à economia doméstica e visibilidade do trabalho feminino foram tratadas de forma significativa, valorizando e redescobrindo o papel da mulher na propriedade, que, na maioria das vezes, devido a fatores culturais, passa despercebido. Resgatar o valor, o reconhecimento e o empoderamento feminino são questões relevantes que estão sendo tratadas pelo projeto.
O projeto ainda realizou oficinas com foco em educação ambiental para as crianças das escolas municipais das comunidades atendidas pelo projeto.
Além disso, os jovens estudantes dos cursos técnicos profissionalizantes matriculados na CFR, tiveram participação efetiva nas ações do projeto, atuando de forma conjunta com a equipe multidisciplinar do projeto em duas ações que merecem destaque em 2022.
A Proteção de nascentes e a construção de ETZER – Estações de tratamento de esgoto por zona de raízes
Para minimizar os problemas causados pela proliferação de vetores, contaminação de solos e de recursos hídricos, o Projeto Ecos do Campo promoveu a educação ambiental, através de ações importantíssimas para a manutenção da qualidade da água, do solo e da saúde. Cabe destacar a realização de proteção de nascentes e a construção de sistemas agroecológicos de tratamento de esgoto, ambas com a utilização da técnica de bioconstrução, com uso de solo-cimento e no caso do tratamento agroecológico do esgoto, além do solo-cimento, a utilização de bambu e de recursos existentes na propriedade, tornaram o sistema economicamente viável e ambientalmente correto.
No decorrer deste ano, foram realizadas 9 proteções de nascentes, inclusive uma na sede da CFR, 5 sistemas de tratamento de esgoto por zona de raízes e 4 estações de tratamento de águas cinzas, águas essas provenientes da pia e do chuveiro que são extremamente carregadas de poluidores ambientais.
Segundo Marli Ramina Ribas, Técnica em Meio Ambiente do projeto, cada nascente é única e tem tratamento diferenciado, porém nem sempre a realidade da propriedade tem área disponível para recomposição de vegetação, pois são áreas pequenas, e, até o momento, não existem programas e leis que incentivem ou remunerem estas famílias por tais serviços ambientais.
“Através do Projeto, tentamos conciliar a preservação da qualidade da água com a necessidade do uso da área para outros fins que geram renda para a família”, afirmou.
Com relação ao tratamento de esgoto, que é um problema nacional, apenas 5% da população rural possui algum tipo de tratamento. A situação das comunidades rurais ainda se torna mais crítica, visto a proximidade do lançamento dos resíduos às fontes de água da propriedade.
O tratamento agroecológico de esgoto conhecido por ETEZR visa reduzir (ou mesmo eliminar) problemas decorrentes de odor e descarte inapropriado de resíduos, problemas constatados, já há algum tempo, pelas comunidades.
O sistema reproduz os processos naturais de degradação molecular, imitando os mecanismos dos banhados, que são importantes filtradores, protetores e mantenedores dos ecossistemas equilibrados.
Segundo Caroline Mayer Riske, Técnica em agroecologia do projeto, nas propriedades rurais praticamente não há nenhum sistema de tratamento de esgoto doméstico, sendo muito comum a construção de fosso morto ou sumidouro, o que propicia a contaminação de córregos, lençois freáticos e dos próprios poços de abastecimento da propriedade.
“Essas alternativas de tratamento, além de utilizarem materiais disponíveis na propriedade, o que reduz os custos, ainda torna-se harmonioso com o ambiente por se tratar de um método orgânico usufruindo de bactérias, micro-organismo, filtros e plantas para descontaminação e redução do efluente”, diz.
A introdução de tecnologias apropriadas para a proteção de nascentes e do tratamento agroecológico de esgoto nas propriedades rurais permitiu que as famílias passassem a usufruir de água de qualidade, seja para o consumo ou para a produção agrícola, e tenham acesso ao saneamento básico de forma eficiente.
Sobre o Projeto Ecos do Campo
O Projeto Ecos do Campo, realizado pela Casa Familiar Rural em parceria com a Petrobras, agradece a todos que acreditaram e aceitaram as ações desafiadoras em suas propriedades, ações essas voltadas ao meio ambiente e à vida.
Convidamos a todos para conhecer de perto estas ações no decorrer do ano de 2023, seja pessoalmente ou acompanhando as redes sociais da CFR, acessando o Facebook e Instagram.
